03/07/2025 às 17h12 - Atualizado em 04/07/2025 às 15h37

FAPDF apoia tecnologia que leva inteligência aumentada à indústria do Distrito Federal

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Sistema combina realidade aumentada, aprendizado de máquina e dados CAD para automatizar instruções e testes em linhas de montagem manual


Protótipo do projeto AuQua DF em sua fase de testes.

Com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), o projeto AuQUA-DF propõe soluções inovadoras que unem tecnologia de ponta à realidade produtiva do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno (RIDE).

O nome AuQUA é a sigla para Augmented-based Quality Assurance, que pode ser traduzido como Garantia de Qualidade baseada em tecnologias aumentadas. A nomenclatura reflete o propósito do projeto de incorporar recursos avançados (como realidade imersiva, inteligência artificial e visão computacional) para otimizar processos de montagem e controle de qualidade no setor industrial.

Coordenado pelo pesquisador Sanderson César Macêdo Barbalho, o projeto AuQUA-DF foi selecionado no âmbito do edital FAPDF Learning (2022).  A iniciativa desenvolve um Sistema de Assistência ao Trabalhador Baseado em Inteligência Aumentada, voltado a operações manuais de montagem. A tecnologia fornece instruções dinâmicas por realidade aumentada (RA) e executa testes automatizados em tempo real, por meio de câmeras inteligentes e integração com dados CAD (modelos digitais de montagem criados por computador), experiências operacionais anteriores e conhecimento especializado.

Segundo o coordenador, o objetivo central é viabilizar esse sistema para pequenas e médias empresas, com foco em eficácia de custos e acessibilidade.

“Estamos propondo um sistema baseado em câmeras e aprendizado profundo que permite fornecer instruções em tempo real e testar operações complexas de montagem, mesmo em ambientes com hardware limitado. Essa abordagem representa uma contribuição relevante para o campo da inteligência aumentada e sua aplicação prática na indústria”, afirma Sanderson.

O projeto conta com a participação de instituições de pesquisa renomadas, como a Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de Araraquara e a RWTH Aachen, da Alemanha. Também estão envolvidas empresas do setor industrial e tecnológico, como Extreme Digital Systems (EDS), Randon Implementos e Baldan Máquinas Agrícolas.


Professor Sanderson César Macêdo Barbalho com seus alunos do projeto AuQua DF.

A proposta também está conectada ao Laboratório de Inovação para a Co-criação de Tecnologias, com foco em três eixos estratégicos: bioinsumos, equipamentos e tecnologia da informação (TI). A ênfase recai especialmente sobre a produção orgânica e agroecológica, setor que enfrenta carência de soluções tecnológicas que viabilizem aumento de produtividade e redução de custos ao consumidor final.

A estratégia do projeto inclui a realização de oficinas de co-criação tecnológica, com base na metodologia do D-LAB/MIT (laboratório do Instituto de Tecnologia de Massachusetts voltado à criação de soluções de baixo custo por meio do design colaborativo e da inovação social) já utilizada anteriormente pela equipe. Nessas oficinas, serão desenvolvidos protótipos beta a partir de diagnósticos de cadeias produtivas locais promissoras, com posterior validação em ambientes reais de uso.

“Estamos ampliando o escopo das oficinas para além dos equipamentos. Agora também buscamos soluções em bioinsumos e TI. É uma inovação metodológica, com potencial de gerar produtos concretos e fortalecer nossa parceria com o D-LAB/MIT em pesquisas e publicações conjuntas”, reforça o pesquisador.

Ao integrar tecnologias emergentes com metodologias participativas e foco na inclusão produtiva, o AuQUA-DF exemplifica como o apoio à pesquisa aplicada pode gerar soluções com impacto real no setor industrial. A iniciativa demonstra o compromisso ativo da FAPDF com o desenvolvimento científico e tecnológico do Distrito Federal e da RIDE, promovendo inovação acessível, sustentável e conectada às demandas locais.

 

Reportagem: Gabriela Pereira