Na tarde desta segunda-feira (28/10), aconteceu mais uma edição do Estação Cerrado. Promovido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF (Secti), pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), pela Fundação Universidade Aberta do DF (Funab) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF), o evento trouxe painéis sobre o tema “Universidade 4.0”.
No auditório do SebraeLab, no Parque Tecnológico de Brasília, o diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), Jeferson de Oliveira Gomes, destacou os “Impactos da indústria 4.0 na educação superior”, enquanto o coordenador do projeto de implantação dos cursos de Engenharia do Senai/SC, Celson Pantoja Lima, falou sobre “INOversidade: rumo à universidade 4.0”.
O futuro agora – Jeferson Gomes destacou, em sua palestra, a necessidade de integração entre as universidades e o mercado, com atenção especial para as áreas voltadas para inovação e tecnologia, como as engenharias. Para o diretor do IPT, aprimorar as técnicas de gestão e alinhas a educação às novas profissões e demandas da sociedade é essencial.
“Até 2012, cerca de 1 bilhão de pessoas estavam trabalhando em profissões novas, que não existiam. Daqui há alguns anos, 65% das profissões serão em novas áreas e muitas das profissões como conhecemos hoje não existirão. Diante desse desafio, vamos discutir o cenário educacional, o papel das universidades, das empresas diante daquilo que imaginamos que seja o futuro, embora, na realidade, o futuro já tenha chegado faz tempo, nós é que temos que nos adaptar”.
Celson Pantoja Lima também acredita na necessidade de adequação do modelo de ensino superior às novas áreas e ao mercado de novas profissões. Para ele, o ensino formal de hoje não prepara os profissionais para o atendimento das demandas atuais e do futuro, tampouco para ocupar o mercado de trabalho cujas características ainda não são definidas.
“O que temos é uma grande convergência de áreas científicas e tecnológicas que estão num patamar que nunca estiveram antes e elas estão nos apresentando coisas que não estamos preparados para receber. Como disse Jeferson, quase 70% das nossas profissões ninguém sabe quais serão. Inteligência Artificial hoje é uma realidade, assim como desenvolvimento de software que antes parecia distante e hoje está em todos os cantos. A gente precisa formar pessoas para essa realidade. Mais do que isso, precisamos preparar nossos estudantes para o trabalho e pra isso precisamos instituir o ensino superior 4.0. A universidade não tem mais que conceder diplomas, tem que desenvolver habilidades, possibilitar o aprendizado nos mais diversos lugares, de formas diferente e com linguagem atual. Laboratório é qualquer lugar, com os recursos disponíveis, especialmente em localidades onde é impossível montar grandes estruturas, como a Amazônia, por exemplo”.
Desafio da educação no DF – Para debater o desafio do novo ensino superior e falar das perspectivas do projeto da Universidade Distrital, o dispositivo de honra do evento foi composto pelo presidente da FAPDF, Alessandro Dantas; pela diretora executiva da Funab, Simone Benk; pelo coordenador da Política de Educação Superior do DF, Jorge Amaury, e pelo diretor regional do Senai/DF, Marco Antônio Areias Secco.
A necessidade de pensar um novo modelo de ensino superior para atender às demandas atuais de trabalho foi destacada pelo diretor do Senai. “Esse é um momento muito importante de reflexão para pensarmos a partir dos paradigmas da inovação e de como pensamos as nossas universidades. Ao longo dos anos, construímos uma forte metodologia de prospecção justamente para podermos dar respostas a necessidade efetivas, mais do que falar sobre oferta. Existe uma grande oportunidade de atualização tecnológica e quando olhamos para o ensino superior vemos, no DF, 120 mil pessoas a serem qualificadas nesses quatro anos. Então existe um desafio enorme, destacado no contexto da indústria 4.0”, afirmou Marco Antonio Secco.
Jorge Amaury falou sobre o projeto prioritário da Funab, a criação da Universidade Distrital, e a importância dela para atender a essas novas demandas de ensino. “Quando assumimos o desafio de construir uma universidade aberta praticamente do zero, a primeira coisa que conversei com o governador foi que não existe magistério sem ousadia. A ideia é construir uma universidade vocacionada para o futuro, o que permite criar aqui, por exemplo, um curso de engenharia aeroespacial. Nós temos limitações, mas os nossos sonhos não podem ser finitos A forma de dar aula nas Universidade ainda é aquela criada no século XIII. Será que não temos capacidade de fazer diferente? Somos criativos o suficiente para implantar novas técnicas e novas possibilidades de conhecimento e é esse o projeto de nosso universidade”, ressaltou o coordenador da Política de Educação Superior do DF.
O projeto da Universidade Distrital busca inovar no ensino superior do DF com foco no desenvolvimento baseado em ciência, tecnologia e inovação para buscar a mudança da matriz de desenvolvimento econômico regional e impacto social. É o que explicou a diretora executiva da Funab, Simone Benck: um dos temas que nos trouxe aqui hoje é a oportunidade de pensar sobre como é possível passar a tríplice fronteira Universidade, governo e sociedade e aqui no Parque Tecnológico temos um ambiente propício pra isso. Temos a indústria e do setor privado participando ativamente do desenvolvimento de tecnologia e inovação com fator de empreendedorismo e possibilidades que gerem valor social.
O presidente da FAPDF também acredita que a necessária atualização do modelo de desenvolvimento do DF passa pela atualização do processo de formação dos novos profissionais. “Nós estamos resgatando esse sonho de Darcy Ribeiro em um momento crucial do DF em que realmente precisamos rever a matriz econômica, o serviço público, que era o grande sorvedor dos nossos jovens talentos já não tem mais essa capacidade e nós temos realmente que preparar os novos profissionais para o mercado, principalmente para o mercado brasiliense, e isso é feito não só com ajustes dentro das universidades, mas também com as políticas públicas, por exemplo, fomentando um polo de engenharia aeroespacial, como o professor Jorge Amaury citou. Nossa Brasília, infelizmente, é apontada, entre as cidades de médio porte, como a cidade com a pior cultura empreendedora. Isso tem que ser revertido e é através da inserção desses jovens no mercado que vamos conseguir isso. Por isso, a FAPDF está sempre à disposição da Universidade Distrital”, declarou Alessandro Dantas.
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