A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) está financiando um protejo inovador que visa implementar tecnologia de ponta no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A iniciativa conta com a participação de pesquisadores do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que contribuem com estudos na área de ciência de dados, inteligência artificial e análise geoespacial para aprimorar o monitoramento da infestação do mosquito.
Como Funciona o Sistema?
O projeto emprega uma série de tecnologias avançadas para detectar e mapear focos do Aedes aegypti. Entre os principais componentes estão um Veículo Aéreo Não Tripulado (drone), uma armadilha inteligente para captura e identificação do mosquito, uma plataforma web com um mapa interativo e um aplicativo que utiliza gêmeos digitais das armadilhas.
A armadilha inteligente desempenha um papel fundamental na coleta de dados. Utilizando um atrativo químico chamado BG-Lure, que simula o odor da pele humana, o dispositivo captura os mosquitos e os identifica por meio de um sistema baseado em inteligência artificial (IA).
Um conjunto de sensores mede variáveis ambientais, como temperatura, umidade e concentração de CO₂, fatores que influenciam a proliferação do mosquito. Os dados coletados são enviados para um servidor central por meio de comunicação LoRa, garantindo que o monitoramento seja contínuo e eficiente.
O Impacto do Mapeamento Inteligente
A distribuição das armadilhas será feita estrategicamente em áreas historicamente afetadas pelo mosquito e com baixos índices de criminalidade, garantindo a segurança dos equipamentos. O drone será responsável tanto pela instalação quanto pela remoção das armadilhas após um período máximo de 16 horas de coleta de dados.
A análise dos dados gerados pelo sistema permitirá identificar padrões de infestação e fornecer informações cruciais para ações de controle epidemiológico. “Com essa tecnologia, podemos antecipar surtos e direcionar melhor os recursos públicos. Isso significa campanhas preventivas mais eficazes, maior eficiência no uso do fumacê e um monitoramento contínuo da situação”, afirma Marco Antônio Costa Júnior, presidente da FAPDF.
Desafios e Expectativas para o Futuro
A implementação do projeto enfrenta desafios como a necessidade de criar um banco de imagens do Aedes aegypti com exemplares vivos para treinar os algoritmos de IA, além da complexidade da integração entre diferentes tecnologias. No entanto, a equipe de pesquisadores acredita que os benefícios a longo prazo justificam os esforços.
A curto prazo, espera-se que a armadilha inteligente consiga não apenas capturar e identificar o mosquito, mas também correlacionar sua presença com fatores ambientais. Já a longo prazo, a meta é reduzir significativamente os custos associados ao combate ao mosquito e ao tratamento das doenças que ele transmite, além de diminuir a sobrecarga no sistema público de saúde.
Além disso, há planos para expandir o sistema, aumentar a produção de armadilhas e desenvolver modelos preditivos para melhorar a eficiência das ações de combate ao vetor. A equipe também pretende integrar a tecnologia com outras iniciativas de vigilância sanitária e homologar a aeronave junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para ampliar seu uso.
Participação da Comunidade
Embora inicialmente o projeto não previsse interação direta com a população, os pesquisadores estão desenvolvendo um aplicativo que permitirá aos cidadãos reportar focos do mosquito em suas residências. Essas informações poderão ser usadas para complementar o mapeamento do sistema e auxiliar na tomada de decisão das autoridades de saúde.
“Nosso objetivo é transformar a forma como combatemos o Aedes aegypti, tornando a prevenção mais eficiente e menos onerosa. Com o uso da tecnologia, estamos caminhando para um futuro onde os surtos dessas doenças sejam cada vez mais raros”, conclui Marco Antônio Costa Júnior.
O projeto representa um grande avanço na luta contra o Aedes aegypti e pode se tornar um modelo para outras regiões do país, demonstrando como a ciência e a tecnologia podem ser aliadas fundamentais na promoção da saúde pública.
Reportagem: Mariah Brandt
FAPDF
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