Nesta sexta (24/04), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realizou o webinar “Vírus na rede – A segurança digital no cenário da Covid-19”. Para debater as principais vulnerabilidades cibernéticas trazidas pela pandemia e as possíveis soluções, o painel, mediado pelo presidente da Agência, Igor Calvet, contou com a participação do presidente da FAPDF, Alessandro Dantas; do presidente da RustCon, Carlos Rust; do training officer da CECyber, Almir Meira; e do CEO da Stefanini Rafael, Leidivino Natal.
Os painelistas discutiram as principais ameaças cibernéticas geradas para empresas, órgãos e cidadãos com a intensificação das atividades remotas, além de soluções para proteção individual, empresarial e governamental diante dessa nova realidade produtiva que, para eles, veio pra mudar a realidade laboral em todo o mundo.
Esse foi o cenário destacado por Almir Meira, que destaca o aumento na incidência de ataques cibernéticos desde o início da pandemia em virtude da migração em massa para atividades home office. O diagnóstico foi ratificado por Leidivino Natal: “só pra se ter ideia, desde a meia noite de hoje foram identificados mais de 14 milhões de potenciais ataques. Existem dados que comprovam o aumento, o trabalho remoto influencia muito. A transformação digital vem sendo discutida há tempos, mas agora é uma realidade e os hackers buscam brechas para obter vantagens, seja de corporações ou de pessoas físicas”.
Para Carlos Rust, essa curva ascendente de ataques e incidentes cibernéticos com a crise é reflexo da necessidade de empresas, órgãos e instituições de migrar, de forma rápida e emergencial, para um plano de produção remoto, mas que é preciso pensar em como retificar os processos para conferir mais segurança às novas rotinas. “A digitalização da sociedade já vinha acontecendo em velocidade muito rápida antes mesmo da crise. Mas antes da crise isso era feito de forma estruturada pelas empresas, até para fazer o home office, com tempo para preparação das áreas de TI. Com o vírus, as empresas tiveram de adotar um procedimento emergencial, não estratégico. Então aumenta a vulnerabilidade, com menos mecanismos de proteção. As organizações agora precisam retomar o planejamento e sanear os problemas que foram gerados por conta da pandemia”, afirma.
Os debatedores, cada um a partir de seus pontos de vista e de experiência, acabaram por concordar em um ponto: a crise acentuou e acelerou o processo de digitalização, mas também demonstrou a oportunidade e a necessidade de desenvolver estratégias, ações e parcerias para buscar crescimento e evolução com segurança para essa nova realidade.
Esse foi um dos aspectos destacados pelo presidente da FAPDF, Alessandro Dantas, que ressaltou a missão da Fundação na promoção da ciência, tecnologia e inovação (CTI) e as ações em desenvolvimento para ampliar o fomento à pesquisa e também à formação de capital humano em diversas áreas. “Quando eu olho para os números da Fundação, que é ligada À Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF (SECTI), vejo que os setores de saúde são praticamente campeões em conseguir apoio e essas áreas têm índice prod
utivo bem maior que as demais. Isso é muito bom e mostra que, no DF, temos um boom de talentos que podemos acessar em situações como essa de pandemia. Por outro lado, o nosso esforço agora também é para ampliar essa expertise para outras áreas e esse é um diagnóstico feito ainda antes da crise. Pretendemos investir mais em novas tecnologias e na capacitação de profissionais de alto nível na área de segurança cibernética. A pandemia traz lições importantes e temos que aproveitar essa janela de oportunidade pra perceber que temos que aproveitar os talentos para o bem”, afirmou Alessandro Dantas.
Pareceria – Uma das ações que ilustram esse movimento para apoiar ações de desenvolvimento em diversificadas áreas e novas tecnologias é a parceria firmada entre SECTI/FAPDF e ABDI, por meio do Convênio Nº8/2019, para implantação de Centro de Segurança Cibernética, em modelo de Cyber Range, denominado Cyber Arena, e capacitação de especialistas e estudantes, por meio de software de simulação de atividades cibernéticas.
“É um plataforma de treinamento onde o profissional tem a oportunidade de confrontar simulações de ataques reais. O objetivo é qualificar equipes que irão concorrer entre si, ora atacando, ora defendendo. Queremos qualificar profissionais não apenas para o mercado, mas também para governo e demais setores, no sentido de criar hábitos, desenvolver a cultura de comportamento cibernético seguro, assim como proporcionar o contato com a área aos alunos de ensino médio, para que possam identificar uma trilha de oportunidade. O projeto já está financiado, em andamento e temos muita expectativa em relação a ele”, explicou o presidente da Fundação.
Futuro próximo – Ao final do webinar, os painelistas chegaram ao consenso de que a digitalização,que já vinha ocorrendo em ritmo acelerado, agora se apresenta de maneira ainda mais consistente e real. Para os especialistas, agora é o momento de integração de esforços em busca de produtividade digital com segurança.
O training officer da CECyber, Almir Meira, acredita que “quando se tem pessoas dispostas a aprender e empresas dispostas a ensinar, é possível ter projetos consistentes de investimento em hard skills, que são investimentos em longo prazo para desenvolver cultura de segurança cibernética, o que poderá ser um dos ativos mais valiosos para todos os setores e para a sociedade em um futuro próximo”.
Leidivino Natal, CEO da Stefanini Rafael, também pensa dessa maneira e vai mais longe: “a transformação digital só existe porque existem pessoas e é essencial trabalhar forte no processo de educação e capacitação e criar essa cultura desde a base escolar”. Essa linha urgente de colocar em práticas planos para atender a essa nova realidade também é seguida pelo presidente da RustCon, Carlos Rust, para quem “é urgente estudar metodologias e ferramentas para estruturar essa nova realidade, além da adoção de treinamento continuado comportamental em alinhamento com os padrões de cada empresa órgãos e instituição”.
Alessandro Dantas concorda e destaca que a SECTI/FAPDF tem outro projetos e ações no campo da segurança digital, o que integra o objetivo do GDF de transformar Brasília na primeira cidade inteligente da América Latina. “Temos que acreditar nos nossos talentos! Entre pessoas, processos e ferramentas, a nossa função é investir nas pessoas e, nesse sentido, temos trabalhando e investindo em parcerias com o setor privado, academia, governo e sociedade, como é o caso da parceria a ABDI”, concluiu o presidente da FAP.
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